Mas uma vez, quero escrever por acreditar que posso transmitir claramente toda aquela sensação de plena absorção da vida, de serenidade, mas não sei como começar. De que dizer, se eu sei tudo mas não sei nada determinado? Ou será que, exatamente por eu ser indeterminado, eu acredito que “já sei tudo”? Estando infiltrado em tudo, sendo o que dá fluidez ao mundo, eu acabo por me confundir com o mundo, confundir o “ser” com o “saber”.
Acabo de deixar a torneira da mente aberta ao máximo. Dá um pouco de vergonha, molha, é um pouco incomodo, mas de algo deve servir. Eu tento escrever aquilo sabendo, desde o principio, que os caminhos que meu pensamento trilhou no primeiro momento provavelmente não conseguiram se encaixar plenamente no momento de escrever, nem entre si nem com a atual vontade de escrever. Mas quando eu releio absorvo algo em/de mim, algo bruto que eu não conseguiria absorver se no momento de escrever eu fosse plenamente critico comigo mesmo, ou seja, se eu fosse comedido. Vamos tentar reescrever o último parágrafo, agora com cuidado, agora que já sei sobre o que escrever, escrever sobre o escrever:
No momento que começo a escrever sem saber exatamente o porquê, a confusão mental me leva a escrever que sei de tudo, que vivo a vida “bem vivida”. Frente a essa ridícula afirmação por escrito, repetida mil vezes dentro de mim desde sempre (como se um oráculo de mascarados continuamente aprovassem meu viver), eu tento construir um pensamento baseado em algo que eu já pensei para me contradizer, ou seja, para escrever minha contradição e acabar bem o parágrafo. O problema é que essa turba de pensamentos é o suficiente para tornar o parágrafo nublado e escorregadio, servindo apenas para um estudo parecido com o que os homens fariam com os extraterrestres, se eles pudessem ser descritos com o mesmo boneco de palitinhos, apenas com a cabeça um pouco maior.
Outra vez, no final do parágrafo, não resisti em desembestar em exemplos loucos e impróprios. Gostei, vou tentar desembestar agora de forma mais desvairada.
“Onde cê vai eu também vou”, disse Raul. Ou seja, nós todos vamos para o mesmo lugar, não vale a pena ficar podando os pensamentos em nome de um texto claro. Quem disso que o texto claro é mais preciso quanto ao que eu sou do que o texto obscuro? Obscuro de que forma? Talvez não seja possível manter a lampadinha da mente sempre acesa, ela só acende de vez em quando, os desenhos mostram bem isso. É difícil manter a descarga aberta, meu pensamento insiste em articular o já escrito com o escrever. Como pensamento pode ser tão articulável, articulante, estar sobre nosso “controle” e não ser bem descrito? Heidegger consegue, para mim, exibir as engrenagens do que somos, não física ou espiritualmente, porém da forma que somos e estamos sendo a cada momento. Nossa compreensão do que somos já existe antes pensarmos claramente nas idéias de espírito e corpo em separado e articulados de alguma forma. A prova do desvairo desse parágrafo é que ele devia ser muito mais criativo e menos argumentativo.
“Quem eu sou? da onde eu venho e onde eu vou dar”, as perguntas continuam sempre as mesmas. Mas a gente insiste em sair dessas perguntas. Falar da morte é algo restrito a religião, discutir opiniões sobre a morte é algo nefasto. Uma vez eu disse pra uma menina que a gente tava morrendo a cada segundo, na verdade a gente estava morrendo os segundos, mas claramente a gente estava morrendo aquele momento, sem pensar nisso. Ela quis, por um momento bem morto, negar, dizer que a gente só morre uma vez na vida. Será que a morte começa e termina num momento pontual ou será que a morte está presente durante toda a vida, interferindo nela de várias formas; a vida própria da gente não é uma eterna batalha perdida contra a morte? Ela acabou concordando, mas quis mudar de assunto. A morte é tão presente que a gente nem gosta de falar nela, em geral ficamos perdidos, nunca tranqüilos. Talvez a velhice seja intranqüila por conta dá ridícula tentativa de esquivar-se dá morte enquanto tema de pensamento, o fim da batalha. É como estar perdendo um jogo de final de copa do mundo de 5 a zero aos 35 minutos do segundo tempo e ter que ficar ouvindo olé durante 10 minutos.
Acabo de deixar a torneira da mente aberta ao máximo. Dá um pouco de vergonha, molha, é um pouco incomodo, mas de algo deve servir. Eu tento escrever aquilo sabendo, desde o principio, que os caminhos que meu pensamento trilhou no primeiro momento provavelmente não conseguiram se encaixar plenamente no momento de escrever, nem entre si nem com a atual vontade de escrever. Mas quando eu releio absorvo algo em/de mim, algo bruto que eu não conseguiria absorver se no momento de escrever eu fosse plenamente critico comigo mesmo, ou seja, se eu fosse comedido. Vamos tentar reescrever o último parágrafo, agora com cuidado, agora que já sei sobre o que escrever, escrever sobre o escrever:
No momento que começo a escrever sem saber exatamente o porquê, a confusão mental me leva a escrever que sei de tudo, que vivo a vida “bem vivida”. Frente a essa ridícula afirmação por escrito, repetida mil vezes dentro de mim desde sempre (como se um oráculo de mascarados continuamente aprovassem meu viver), eu tento construir um pensamento baseado em algo que eu já pensei para me contradizer, ou seja, para escrever minha contradição e acabar bem o parágrafo. O problema é que essa turba de pensamentos é o suficiente para tornar o parágrafo nublado e escorregadio, servindo apenas para um estudo parecido com o que os homens fariam com os extraterrestres, se eles pudessem ser descritos com o mesmo boneco de palitinhos, apenas com a cabeça um pouco maior.
Outra vez, no final do parágrafo, não resisti em desembestar em exemplos loucos e impróprios. Gostei, vou tentar desembestar agora de forma mais desvairada.
“Onde cê vai eu também vou”, disse Raul. Ou seja, nós todos vamos para o mesmo lugar, não vale a pena ficar podando os pensamentos em nome de um texto claro. Quem disso que o texto claro é mais preciso quanto ao que eu sou do que o texto obscuro? Obscuro de que forma? Talvez não seja possível manter a lampadinha da mente sempre acesa, ela só acende de vez em quando, os desenhos mostram bem isso. É difícil manter a descarga aberta, meu pensamento insiste em articular o já escrito com o escrever. Como pensamento pode ser tão articulável, articulante, estar sobre nosso “controle” e não ser bem descrito? Heidegger consegue, para mim, exibir as engrenagens do que somos, não física ou espiritualmente, porém da forma que somos e estamos sendo a cada momento. Nossa compreensão do que somos já existe antes pensarmos claramente nas idéias de espírito e corpo em separado e articulados de alguma forma. A prova do desvairo desse parágrafo é que ele devia ser muito mais criativo e menos argumentativo.
“Quem eu sou? da onde eu venho e onde eu vou dar”, as perguntas continuam sempre as mesmas. Mas a gente insiste em sair dessas perguntas. Falar da morte é algo restrito a religião, discutir opiniões sobre a morte é algo nefasto. Uma vez eu disse pra uma menina que a gente tava morrendo a cada segundo, na verdade a gente estava morrendo os segundos, mas claramente a gente estava morrendo aquele momento, sem pensar nisso. Ela quis, por um momento bem morto, negar, dizer que a gente só morre uma vez na vida. Será que a morte começa e termina num momento pontual ou será que a morte está presente durante toda a vida, interferindo nela de várias formas; a vida própria da gente não é uma eterna batalha perdida contra a morte? Ela acabou concordando, mas quis mudar de assunto. A morte é tão presente que a gente nem gosta de falar nela, em geral ficamos perdidos, nunca tranqüilos. Talvez a velhice seja intranqüila por conta dá ridícula tentativa de esquivar-se dá morte enquanto tema de pensamento, o fim da batalha. É como estar perdendo um jogo de final de copa do mundo de 5 a zero aos 35 minutos do segundo tempo e ter que ficar ouvindo olé durante 10 minutos.
3 comentarios:
Pablete,
não li td este seu texto. Contudo li o q vc escreveu em agosto, falando sobre vc e carís e cah entre nós....Achei lindo!
Fico feliz por vcs dois, pelo momento q estão passando e pelo amadurecimento q é sempre ótimo!
beijão
Opa, Pablete. Gostei de seus comentários. Realmente alguns equivocos existem, até porque não possuo conhecimento filosófico profundo, nem mesmo superficial. Fui totalmente despretencioso ao encrever o texto. No entanto, levarei em consideração as suas observações. Na verdade, eu fiz o blog para comentar minhas fotos...
Abraço!
Claro, fique a vontade para criticar o que escrevo, positiva ou negativamente. A idéia é "postar" as fotos. Sempre que puder entre lá, pois sei que seus comentários serão sinceros e frutíferos, ainda mais sendo você um filosófo. Acabei de adicionar o seu blog aqui no favoritos para, vez ou outra, entrar e ver as novidades.
Abraço.
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