Eu fui intimado a escrever,
Escrevo sem o meu corpo querer,
Pois me encantei pelo dizer.
Encanto ou maldição?
A mesma contradição
Do bater do coração.
O que é o homem,
Um monte de carne, osso e impulsos elétricos?
A humanidade, um crescer agonizante frenético?
As palavras, um brinquedo, um direito, um objeto?
Onde eu quero chegar, posso chegar sem saber responder?
Não sei responder, e o pior é que isso não é resposta que se dê.
Afirmar sem firmamento, viver é gozar um lamento,
Tanto quanto mais atento ao fim irreal e concreto.
Porque sempre acabo falando da morte,
Talvez um dia acabe morto.
Será que o morto sabe que morreu?
Se não, a morte existe só pra quem vive?
Morrer e viver, o que é o que é?
Cinco pontos finais, oito interrogações,
Isso merece uma exclamação!
Não! Duas, virgulas são os quebra-molas.
Mas será o benedito,
Coitado do mal dito benedito,
Sempre chamado quando algo dá errado.
Existe um fim de uma poesia sem finalidade?
Sim, a minha vontade.
2 comentarios:
De fude! tá no sangue da cabeça!
As palavras escorrem da sua cabeça nascente
Acumulam-se vibrantemente em suas mãos
Chocam-se pressionando a saída, nascimento
E basta um furo de alfinete, pé de vento
Para virarem canção, mera cacimba
É tanta água, que se faz um amazonas
É tanta flor, que se planta um bosque
É tanta idéia, que se enche um livro
Corta teu peito por inteiro, liberta-te
Usa a caneta, o teclado, instrumento cirúrgico
Vira luz e esquece da morte!
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