miércoles, 30 de abril de 2008

Passou mas tá aqui




O que passa é tão importante
Quanto o motivo de suas brigas:
Que a ira não te comas a razão,
Que a sede não te nuble a vista.

Se quer andar para frente,
Use os retrovisores.
Talvez o preto e branco do passado
Lhe dê um futuro a cores.

A sabedoria do homem é perigosa,
Tende a enterrar o que se passa,
Florear o presente e dourar o que vem,
Ouro este composto por velhas vestes.

Acorde! O que vivemos é o passado,
O futuro não existe e nunca chega,
Só importa o que na historia é marcado,
Casaco velho que o novo corpo aconchega.

A Bala.alojada.


A Bala

Era uma vez a Bala, perdida no mundo,
Com raiva, sem saber por que era uma bala.
Se somos tão civilizados, pra que ela serviria?
Pois um dia um homem feio fala:
-Pra mata, as balas, e pra guarda, um porta-malas.
E lá foi a Bala juntos com as outras cinco,
Morta de medo daquele cara pálida.
E o “pálida” se saiu sem dar pala,
Num traje de gala, fazer o serviço sem falha.
Uma na carótida, uma na tempora e três pelas costas,
Sem medo nem testemunhas, só a Bala,
Que sobrou levando a historia
Pra uma família feliz!
Eles moram na Gloria,
Mas o pai que ama seus filhos os protege.
E comprou mais uma caixa (outras balas),
Novinha, que não tinham a vida da Bala,
E torceu para não usa-las.
Mas a Bala ainda estava em sua aventura,
Vivendo escondida no armário tava fula,
A vida dura e o destino lhe deu uma mão,
Pequena é verdade, mais traria um tufão,
Deu um tiro no irmão, no pé, de troco de um soco.
Mas não foi culpa da Bala,
Novamente ficou no oco
E foi junto com arma entregue a policia.
Um pai arrependido, pelo bem da sua cria.
E a arma agora estava em ação,
Vivendo perigos em defesa da nação!
Mas que vida chata essa de bala de cop...
Fica dentro da arma vendo todo mundo voar...
Ela já queria voar...até pra se espatifar!
Um dia um coronel queria acabar um protesto:
Estudantes faziam um grande manifesto
E o nefasto não podia permitir.
E falir sua engenhoca governamental??
Mandou o general mandar ao major
Que mandasse os tenentes
Que mandassem os cabos

Que mandassem os policias pra rua já!
Acabar a brincadeira na porrada crua já!
E nossa amiga bala foi, já caquética,
Patética, sem querer mais voar.
Mais um maluco barbudo jogou uma pedra,
Merda, lá vai começar o inferno...
Mas o guarda deu um tiro pra cima,
Pra ver se o povo se acalmava,
E a bala se alojou numa arvore!!
Do lado de um ninho com três ovinhos
E agora ela estava feliz!
Residência fixa e vizinhos de bem!
Nem ela imaginava um futuro tão bom!
E lá de cima ela assistiu muitos protestos,
Assaltos, manifestos e até seqüestros,
Mas agora ela é só um enfeite
E ficou bem melhor,
Podia até ver um out-door!

lunes, 28 de abril de 2008

Saúde Mental


- Doutor, eu estou saudável.
- Não é isso que sua mãe diz; e além disso, por acaso você é formado em medicina, mas precisamente psiquiatria?
- Não doutor. Desculpe.
- Sua mãe me diz que você tem tido hábitos estranhos ultimamente...
- Que hábitos?!
- Um deles, por exemplo, é esse tom de voz. Ela me disse que ultimamente você sempre conversa como se estivesse escondendo alguma coisa, sempre nervoso...
- Doutor, minha mãe é neurótica. E talvez minha reação seja derivada desse falar reticente que o senhor usou e que ela costuma usar quando está desconfiada, ou seja, sempre!
- Uhum...sei. Mas além disso ela me disse que você diversas vezes durante o dia abre a geladeira, olha, e fecha. Porque faz isso?
- Não sei. Todo mundo faz isso doutor! Quase todos os meus amigos fazem isso.
- Eu não faço. Bem, que ela me disse que você tem péssimas companhias, de péssimos hábitos...
- Que hábitos?!!
- Novamente. Sintoma recorrente. As minhas suspeitas estão se confirmando... Sua mãe não parece ser tão neurótica assim...
- Mas doutor! Que suspeitas os senhor pode ter? Eu sou normal! Normal!
- Acalme-se meu garoto. Eu sou seu amigo, só quero seu bem... E o seu problema é raro, porém de fácil tratamento...
- Tratamento?!!!!

Não sei o que...

- Não sei!
- O que?
- Não Sei!!
- De que?!
- Não Sei!!! Quem sabe, sabe. Eu não sei, você sabe?
- Depende de que...
- O que é o que?
- Cê parece uma criança. pensa que eu sou besta? Qué cocê qué?
- O que é?! O que é?! não sei como te machuquei. Só falei que não sei. Eu gosto de criança, não gosto de besta. Eu gosto é de dança no meio da festa. Só não sei porque, minha dúvida está sempre além desse alguem quem sou.

jueves, 24 de abril de 2008

Fluido amor



Eu sou um alguém que se engana tanto
Que engana primeiro quem ama.
Portanto engano você, te amo, me odeio
Por não ser do jeito que você quiser.

É o que há.
Se a vida fosse feita com um manual do amor,
Onde a gente preferisse sempre a mesma cor,
Ficaríamos malucos no mar de amar.
Fica maluca, Fica a amar.
Fico a amar, Fico maluco.

Não sei amar mais pelo bem da sobrevivência:
Se eu me amasse demais me afogaria em mim,
Se eu te amasse demais afogaria nós dois,
A inundação do amor maior que qualquer arca,
Que preencheria o vácuo do universo,
Faria nula a distância entre todos os corpos interpenetrados
Pelo fluído, sim, fluidíssimo amor.

Somos feitos de forma que amamos, queremos,
E temos que saber medir, para não enlouquecer,
Para não perder o sentido entre eu e eu, eu e tu, nós e eles.
Obrigado por estar viva, permaneça assim o máximo de tempo possível.
Serei como o cultivador, farei crescer e florescer o nosso amor,
Nossa vida comum vai crescer, se fortalecer, integrar,
Vai nascer uma interseção entre o meu e o seu sonhar,
Basta saber regar, não desatender, não exagerar.

Ataque Aéreo



Luto contra um zangão
Que passando sentiu
O potente olor das minhas miles de flores,
Secando de cabeça para baixo,
Destinadas a temperar de loucura nossa colméia.

Por sorte tinha uma pasta na mão,
Com todos dever e lição,
Quando invadiu minha residência tomo na cabeça e caiu.
O zangão quando entrou não sorriu,
Caiu em minha cama, atontado, e tentou voar.
Ventei seu vôo pra lá, ele saiu pela janela que entrou.

Pensei “não é só muito-doido que gosta de flor,
Se aqui tivesse beija-flor ele viria me visitar”.
Natureza, bicha esperta, com alma de saci,
Que mistura tudo e leva para onde quer.
As formigas caminhando em baixo do meu pé;
Solitária dividindo com um menino a barriga de uma mulher;
Os vermes dos porcos comendo uns miolos qualquer.

sábado, 19 de abril de 2008

Cabeça sem SAP

Como nos proteger dos exageros
Sem perder as oportunidades?
Talvez tudo esteja dependendo,
E não exista um ou outro.

Até porque se impedir de ultrapassar
Uma linha imaginaria, e às vezes flutuante,
Nunca terás um nível seguro, satisfeito,
Ou um exagero completo.

Sentimentos são infinitos, incontáveis.
Não se sabe quanto nós somos maleáveis,
Infalíveis dentro da falha maior:
Desde dez doces a uma lufada de Dior.

Por isso não se limita o próximo.
Só quem pode, e às vezes até erra,
É o próprio ser que se extravasa.
Siga em frente, segure a ti e aos teus.

Quando quem pensa, pensa,
Nem ele diz seu pensar.
Quando saber do outro tenta,
A certeza é fracassar.
(2005)

Abobalhado



Enquanto leio Borges dizer o que faria

Num poema que não é dele,

Faço eu o meu poema

Por nada mais querer fazer.


Hoje acordei desconectado, abobalhado,

Com o olhar meio de lado,

Querendo parar o tempo.

E tentei, de verdade!

Parei-me com ansiedade

De sentir meu fracasso,

E o senti!

E sinto até agora.

O tempo não para,

E ainda esnoba quando passa

Sem ser utilizado.


Tente também parar o tempo:

Feche os olhos;
tampe os ouvidos;

Esqueça todas as partes do corpo;

Se tranque na escuridão dos pensamentos!

Sente o turbilhão?

Tempo negado faz um barulho danado!

Parece que ri e parece mais rápido...

É, hoje eu acordei abobalhado.

Não quis ler nem comer!

Quem dera eu pudesse, num dia como esse,

Manter o tempo parado.
(inicio de 2007)

Não é nada!


Não sou nada

E agora que morri
Nada mais me consome,
Sem ser defunto nem homem,
Nem sequer sou nada-ser.

Não é saúde nem doença,
O não faz a diferença.
Pois quando sou eu posso ser,
Mas se sou nada o não vai aparecer

Passou a ilusão da vida,
Sobrou a verdade do nada.
Sobrou a verdade da vida,
Passou a ilusão do nada.


(poesia de 2006)

miércoles, 16 de abril de 2008

Há mar


Há mar

Navegar é preciso
Quando mar eres tu.
Me afogar necessito
Em teu corpo nu.

Naufragar é bendito,
Te tragar gota a gota,
Sou um peixe esquisito
Que se mata pela boca.

Tua boca, saliva,
Tuas águas, meu mar.
Como loca me alisa
Para logo arranhar.

Teus dentes, tuas unhas,
Minhas chagas de amor.
Teus quentes gemidos
No pé do ouvido
Na altura que for.

Tua cor, tuas cores,
Minha flor de sabores,
Odores do paraíso.
Tua dor, minhas dores,
Um louvor aos horrores,
Curar-te preciso.

Dentro de ti respiro
E espero não te esgotar.
Se queres me retiro,
Não quero te incomodar.
Meu derradeiro suspiro
Sorrindo a te olhar.

Teu corpo, atmosfera.
Teu gosto, meu vício.
Te como feito pantera,
desconheço desperdício.

Arvoredo


Arvoredo


Estamos perdidos
E somos poucos
O que parece ruim
É ruim
Mas achamos ótimo
Trilhar a busca
Autoconhecer-se
Cheios de referências
Sem objetivos
Repletos de não-querer
Tem alguém aí?
Pergunto-me eu
Pergunta-se um amigo
Estamos perdidos
Mas temos a busca
Transpor o oceano
Galgar o cume
Pular, afogar, nascer de novo
Apenas começamos
E começar é difícil
Ainda mais quando só
Por dentro
Estômago de galinha
Sem saber, temendo, querendo
Não somos perdidos
Estamos, estivemos
É o princípio
É importante estar perdido
Daqui partiremos
Olhos arregalados
Mãos suadas
Onde? Onde?
Chegaremos
Nem quando nem como
Perdidos
Estaremos lá

(João Campos) inspirada na ultima poesia minha!

lunes, 14 de abril de 2008


Mais uma vez me remeto a missão
De me meter a me desenbolar.
Meu conflito é maior que eu,
Não cabe na visão, acaba na imensidão.
De verdade! Que triste essa minha vontade
De me conhecer! Que fazer? Chorar?

Não posso gritar, sou cachorro domesticado,
Gato que só mija na areia, de liberdade alheia.
Ninguém quer me escutar, é fácil compreender,
Se nem eu tenho paciência pra me explicar...
É demência, é mentira, é incompetência, seja o que for,
Seja eu quem for, tô enforcado, fodido, agoniado.

Sorrio, quase sempre. Casa da paz é o sorriso quem faz.
Rima mais quem coleciona rima na gaveta de atrás.
Brincar de trincar cravos na prateleira é brincadeira,
Maneira de passar o tempo com um treco no trampo.
Sorrio até com feridas infantis, inseridas numa vida como eu quis.
Falo sozinho comigo mesmo:
Tem alguém ai? De verdade?

viernes, 11 de abril de 2008


Essa noite eu vivi algo muito estranho. Sonhei que perdi o controle do carro, como já sonhei outras vezes, porém dessa vez, com o carro descontrolado, sem conseguir achar o pedal do freio, eu pensei “isto não é um sonho, é muito real, esse é meu último momento”. Pensei que morria de verdade, inclusive considerando que podia ser um sonho. O carro atravessou a grade de proteção e voou na ribanceira. Ou seja, eu acordei como quem acorda da morte hoje. Pode parecer banal para você, para mim não foi, foi fatal. Eu acho que eu penso tanto na morte que vou morrer em sonho muitas vezes antes de morrer de verdade...

jueves, 10 de abril de 2008


Aumbigouo


Seja qual seja,
O homem deseja
A eternidade ou a morte.
Forte é essa última,
Mas tem a fé, o axé e a sorte,
Café no pote sem moer,
Sem plantar, molhar,
Sem colher, beber,
Bebê de planta sem nascer,
É a elétrica liberdade!
Menor que o amor,
Maior que a maldade,
É a liberdade!

Meu coração bate sem perguntar.
Se ta untado de saudade tem saúde e dói.
Não tem sono, dono,
Não tem rumo a não ser parar.
Separado da minha vontade
Explode sem avisar:
Faz-me tremer, gemer, calar.

Planto sementes,
Escrevo livros
E brotam amigos!
Ser animado sou,
Tenho data de validade,
Caducarei,
Caminhando cairei
Pra levantado ser.
Ou enterrado, moído,
Comido ou incinerado,
Não importa,
Não baterei mais na sua porta.

Mas é que se dou meu coração
Não serei esquecido,
Mantendo cada irmão aquecido
Por dentro como por fora me esquenta o tecido.

O que é do homem
É o que ele tem de comer.
Tudo que consome
Lhe possibilita ser.

Então cuidado ao consumir
Você vai ter que assumir
Se o seu consumo vai deixar alguém sem dormir.

Você vai ter
Que acordar,
Ou parar de mentir que quer ver o mundo mudar!
A gente tem
Que se entender,
Se é verdade que a vida não é só pra morrer!

Comecei bebendo daquele jeito no bar,
Depois de uma carreira consegui capotar!

Voou pedaço pra todo lado!
E eu lá dentro?
Acabado!

Sempre dizia que era da paz,
Levei dois comigo...
Minha inexistência é de lamentar,
Levei dois comigo...
Que azar!

Comecei bebendo daquele jeito no bar,
Depois de uma carreira consegui capotar!

Você vai ter
Que acordar,
Ou parar de mentir que quer ver o mundo mudar!
A gente tem
Que se entender,
Se é verdade que a vida não é só pra morrer!

sábado, 5 de abril de 2008

Peito Vazio


"Nada consigo fazer

Quando a saudade aperta

Foge-me a inspiração

Sinto a alma deserta

Um vazio se faz em meu peito

E de fato eu sinto

Em meu peito um vazio

Me faltando as tuas carícias

As noites são longas

E eu sinto mais frio.

Procuro afogar no álcool

A tua lembrança

Mas noto que é ridícula

A minha vingança

Vou seguir os conselhos

De amigos

E garanto que não beberei

Nunca mais

E com o tempo

Essa imensa saudade que sinto

Se esvai "
Cartola

martes, 1 de abril de 2008


Eu e você (Seja quem for)

Só sozinho me esquadrinho
Conheço meu preço, meus vícios,
Minhas virtudes de verdade.
Só sozinho tenho coragem
De assumir nula vontade
De viver nesse mundo de saudade.

Me pego mentindo nas primeiras linhas,
Coitadas, sozinhas não conseguem evitar.

Meu mundo é saudade,
Maldade minha dizer
Que não gostaria viver
Nesse mundo, maldade.

Eu gosto, gozo, sozinho
Te amo sempre mais um pouquinho.

A esperança é natimorta,
Mas amizade é o que importa,
Em cada porta te encontro
Dentro do pensamento,
Pronto pra me lembrar de algo remoto,
Pra meu coração bater como o motor de uma moto.


Me suicidaria se não fosse morrer de qualquer forma.
Viver sozinho eternamente é a pior dor que ninguém sente.
Penso pra frente, não interprete mal minha confusão latente.
Mas, pra trás, foi meu parto, mais pra frente de muita gente é um infarto;
Por isso sozinho no quarto, com você, meu amigo, meu sentimento reparto:
Viver sem amar é como perder sem jogar,
Morrer amando é como perder jogando,
Eterno será meu instante por ser na vida um amante!


As Profecias

Composição: Raul Seixas / Paulo Coelho

Tem dias que a gente se sente

Um pouco, talvez, menos gente

Um dia daqueles sem graça

De chuva cair na vidraça

Um dia qualquer sem pensar

Sentindo o futuro no ar

O ar, carregado sutil

Um dia de maio ou abril

Sem qualquer amigo do lado

Sozinho em silêncio calado

Com uma pergunta na alma

Por que nessa tarde tão calma

O tempo parece parado?

Está em qualquer profecia

Dos sábios que viram o futuro,

Dos loucos que escrevem no muro.

Das teias do sonho remoto

Estouro, explosão, maremoto.

A chama da guerra acesa,

A fome sentada na mesa.

O copo com álcool no bar,

O anjo surgindo no mar.

Os selos de fogo, o eclipse,

Os símbolos do apocalipse.

Os séculos de Nostradamus,

A fuga geral dos ciganos.

Está em qualquer profecia

Que o mundo se acaba um dia.

Um gosto azedo na boca,

A moça que sonha, a louca.

O homem que quer mas se esquece,

O mundo dá ou do desce.

Está em qualquer profecia

Que o mundo se acaba um dia.

Sem fogo, sem sangue, sem ás

O mundo dos nossos ancestrais.

Acaba sem guerra mortais

Sem glorias de Mártir ferido

Sem um estrondo, mas com um gemido.

Os selos de fogo, o eclipse

Os símbolo do apocalipse

A fuga geral do ciganos

Os séculos de Nostradamus.

Está em qualquer profecia

Que o mundo se acaba um dia (3x)

Um dia...

Sim, sim, sim...