jueves, 10 de abril de 2008


Aumbigouo


Seja qual seja,
O homem deseja
A eternidade ou a morte.
Forte é essa última,
Mas tem a fé, o axé e a sorte,
Café no pote sem moer,
Sem plantar, molhar,
Sem colher, beber,
Bebê de planta sem nascer,
É a elétrica liberdade!
Menor que o amor,
Maior que a maldade,
É a liberdade!

Meu coração bate sem perguntar.
Se ta untado de saudade tem saúde e dói.
Não tem sono, dono,
Não tem rumo a não ser parar.
Separado da minha vontade
Explode sem avisar:
Faz-me tremer, gemer, calar.

Planto sementes,
Escrevo livros
E brotam amigos!
Ser animado sou,
Tenho data de validade,
Caducarei,
Caminhando cairei
Pra levantado ser.
Ou enterrado, moído,
Comido ou incinerado,
Não importa,
Não baterei mais na sua porta.

Mas é que se dou meu coração
Não serei esquecido,
Mantendo cada irmão aquecido
Por dentro como por fora me esquenta o tecido.

1 comentario:

João dijo...

muito bacana. Gostei bastante da segunda estrofe, a "liberdade" do coração, sua independência, como se não racionalizássemos nossos sentimentos, como se eles brotam-se diretamente dos olhos, sem passar pelo cérebro - caminho de todo sentimento.