Enquanto leio Borges dizer o que faria
Num poema que não é dele,
Faço eu o meu poema
Por nada mais querer fazer.
Hoje acordei desconectado, abobalhado,
Com o olhar meio de lado,
Querendo parar o tempo.
E tentei, de verdade!
Parei-me com ansiedade
De sentir meu fracasso,
E o senti!
E sinto até agora.
O tempo não para,
E ainda esnoba quando passa
Sem ser utilizado.
Tente também parar o tempo:
Feche os olhos;
tampe os ouvidos;
tampe os ouvidos;
Esqueça todas as partes do corpo;
Se tranque na escuridão dos pensamentos!
Sente o turbilhão?
Tempo negado faz um barulho danado!
Parece que ri e parece mais rápido...
É, hoje eu acordei abobalhado.
Não quis ler nem comer!
Quem dera eu pudesse, num dia como esse,
Manter o tempo parado.
(inicio de 2007)
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