sábado, 19 de abril de 2008

Abobalhado



Enquanto leio Borges dizer o que faria

Num poema que não é dele,

Faço eu o meu poema

Por nada mais querer fazer.


Hoje acordei desconectado, abobalhado,

Com o olhar meio de lado,

Querendo parar o tempo.

E tentei, de verdade!

Parei-me com ansiedade

De sentir meu fracasso,

E o senti!

E sinto até agora.

O tempo não para,

E ainda esnoba quando passa

Sem ser utilizado.


Tente também parar o tempo:

Feche os olhos;
tampe os ouvidos;

Esqueça todas as partes do corpo;

Se tranque na escuridão dos pensamentos!

Sente o turbilhão?

Tempo negado faz um barulho danado!

Parece que ri e parece mais rápido...

É, hoje eu acordei abobalhado.

Não quis ler nem comer!

Quem dera eu pudesse, num dia como esse,

Manter o tempo parado.
(inicio de 2007)

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